É uma grande honra abrir a coluna de Lawtechs do JOTA. Não quero parecer bajulador, mas acredito sinceramente que esta coluna, por estar neste veículo, – na minha opinião o mais adequado para este tipo de análise –, será um dos espaços mais relevantes para debater ao longo dos próximos meses e anos a relação entre Direito e Tecnologia. A verdade é que uma revolução silenciosa já está em curso, e a maior parte do universo jurídico ainda não observou a velocidade dos acontecimentos e os reflexos da tecnologia no ambiente legal.
Software is eating the world!
A frase do famoso investidor Marc Andreessen é um resumo do mundo em que estamos vivendo. Em meio a substituição progressiva do táxi pelo Uber, – que já fez seus primeiros testes carros autônomo –, do uso compulsivo das redes sociais, de bancos 100% virtuais e da ascensão de youtubers mirins, – que em alguns casos faturam mais que jogadores de futebol –, estão os advogados, juristas, membros do MP, magistrados, serventuários, dentre tantos outros profissionais integrantes do universo jurídico.
Processos eletrônicos, e mesmo os meios de comunicação que aceleraram a forma de atender clientes, – que buscam respostas para os desafios corporativos pelo whatsappem qualquer horário do dia ou da noite –, são apenas os primeiros sinais da grande revolução que já mostra seus efeitos.
As LawTechs estão chegando, vieram para ficar e vão alterar por completo o ecossistema jurídico.
No entanto, uma questão parece ser a mais relevante. As LawTechs virão para ampliar ou diminuir a importância do advogado neste novo mundo? No mesmo momento em que a mídia expressa que Ross, – inteligência artificial que utiliza o supercomputador Watson, da IBM –, é o primeiro robô-advogado da história, algumas LawTechs despontam para lembrar que o advogado é, e sempre será, indispensável à administração da Justiça.
Tenho vivenciado com bastante entusiasmo esse movimento ao longo dos últimos meses. Venho conversando diariamente com empreendedores em diferentes estados do país, – indivíduos que dedicam todas as horas dos seus dias para mudar dinâmicas hoje postas –, e sinto que este debate ainda não ganhou o destaque merecido. Ao todo já são mais de 30 LawTechs, – ou LegaTechs, como preferem alguns –, espalhadas pelas diferentes regiões do Brasil, desenvolvendo produtos tecnológicos para o universo jurídico.
Desta forma, tenho acompanhado de perto um grande movimento que só irá se intensificar ao longo dos próximos meses e anos. No mesmo momento que a nossa LawTech, Sem Processo, administra uma plataforma exclusiva para advogados, que conecta patronos de consumidores e departamentos jurídicos em busca de acordos antes e depois da propositura de ações na Justiça, observo diferentes outros produtos, – que afetam de maneira particular o mercado jurídico –, sendo desenvolvidos.
As LawTechs atuam em diferentes frentes, sempre buscando trazer inovação e tecnologia para o ambiente jurídico. Algumas empresas estão tornando mais célere e eficiente a coleta de informações do Judiciário, outras ajudam na pesquisa de conteúdo jurisprudencial, um terceiro grupo conecta correspondentes com contratantes e algumas automatizam a confecção de minutas de contratos e peças processuais.
Tenho certeza que esse espaço ajudará no esclarecimento do setor jurídico, mostrando produtos que podem ser muito úteis no exercício profissional. Além disso, o significado moderno do termo advogar, os limites da automação, dentre outros aspectos também poderão ser estabelecidos a partir de análises mais apuradas.
Um fato parece muito claro: Nos próximos anos, as LawTechs estarão presentes na vida de todos nós como hoje já estão o whatsapp, o netflix, o spotify e o uber.
Publicado originalmente no Jota.